20 dezembro, 2011

19 dezembro, 2011

VOZ DE ALPIARÇA (Dez 2011)

EXTERNATO S.PAUILO
Encontro e Homenagem

·        Adília Rosa Henriques
·        Berta Lopes da Silva Beja
·        Maria Helena Sousa
Sonharam
E uma grande escola para a vida aqui nasceu
O EXTERNATO DE S.PAULO
Os antigos alunos e o Município de Alpiarça
MANIFESTAM O SEU RECONHECIMENTO

Realizou-se no passado dia 29 de Outubro um Encontro dos antigos alunos do Externato de S.Paulo, onde simultaneamente se prestou uma homenagem aquela Instituição e às suas Fundadoras.
Momento em que os 160 presentes, aproveitaram para manifestar a sua gratidão.
Depois da Missa, onde foram recordados os alunos, professores e funcionários já falecidos, a comitiva dirigiu-se para o edifício do antigo colégio, onde foi descerrada uma placa, com o nome do Externato S.Paulo e das suas fundadoras, para assim se perpetuar na memória dos mais antigos e no conhecimento dos mais novos.
Aquelas 3 senhoras, sem serem de Alpiarça, sem terem cá família, sem laços que as ligassem a esta terra, vieram para cá. Vieram … e criaram uma obra, que a todos nos deve orgulhar.
Não é difícil imaginar a coragem que 3 mulheres necessitaram, na década de 50, para assumirem o risco de um investimento deste vulto. Mulheres diferentes… de feitios muito diferentes… mas seguramente complementares.
Sonharam…. E uma grande escola para a vida nasceu….
Começaram por criar o Externato Alpiarcense, a funcionar em espaços arrendados, e em poucos anos, avançaram na construção de um edifício próprio, bonito, moderno, a que deram o nome de EXTERNATO DE S. PAULO.
Naquele colégio estudaram muitos jovens alpiarcenses, que assim deixaram de ter necessidade de sair da sua terra para o poderem fazer; mas para aqui vieram também muitos jovens de outros concelhos, nomeadamente, de Almeirim, Chamusca, Santarém, Golegã e também da Guiné e de Moçambique.
Jovens esses que criaram laços afectivos com Alpiarça, que ainda hoje perduram, como foi possível comprovar mais uma vez, pela presença de muitos deles neste encontro.
Mas o colégio permitiu muito mais que isso.
Permitiu que alguns jovens alpiarcenses, de origens mais humildes, mas de inteligência elevada, pudessem estudar, gratuitamente, pudessem aprender, enfim, pudessem mudar o seu destino. Como veio a acontecer com muitos deles.
O Externato de S. Paulo era um estabelecimento de ensino de qualidade. Tinha uma excelente Direcção e óptimos Professores.
Lá se pedia estudo, trabalho; lá se praticava o rigor; lá se implementava a disciplina. Era uma escola exigente. Mas como todas as escolas de excelência, juntamente com a disciplina, o rigor, a exigência, praticavam-se os afectos, incutiam-se os valores. Era essa seguramente a grande diferença.
Alpiarça encontrava-se em dívida para com esta Instituição e para com estas 3 senhoras. Demorou demasiado tempo a acordar. Mas estamos sempre a tempo de sermos gratos.
É uma homenagem singela, sem pretensões, mas muito justa. Talvez algo mais ainda possa vir a ser realizado no futuro, sendo certo que o pouco que agora foi feito, é muito para aquilo que se fez no passado.
O edifício do colégio continuou a ser útil ao ensino, continuou a ser útil aos jovens de Alpiarça, ainda hoje continua a ser, e continua bonito, continua a manter os traços de modernidade.
Certamente a partir de hoje fica mais fácil um jovem aluno daquela casa, saber que lá funcionou um excelente colégio, uma escola de eleição e saber que essa excelente obra se deve à coragem, e à competência, de 3 senhoras, de 3 grandes mulheres; de 3 excelentes educadoras: Adília Rosa Henriques, Berta Lopes da Silva Beja e Maria Helena Sousa.
Esse jovem não estudou no Externato de S. Paulo, mas beneficiou da obra que estas 3 senhoras sonharam e realizaram para Alpiarça. E fica a saber outra coisa… certamente a mais decisiva…. Fica a saber que os seus alunos não as esqueceram, continuam gratos, continuam a ter um carinho muito grande, passados 40 anos, 50 para outros e até 60 anos para alguns.
Na homenagem foram proferidos discursos por parte do representante da comissão organizadora, Fernando Louro, e da Isabel Coelho, directora do Agrupamento de Escolas que actualmente integra aquele edifício.
Foi igualmente lido um discurso do Mário Pereira, presidente da Câmara Municipal, que foi parceiro nesta homenagem, mas que não pôde estar presente, em sequência do triste acontecimento que também ensombrou aquela festa e consternou todos os presentes, o falecimento do vereador Mário Peixinho, também ele antigo aluno do colégio.
No final da homenagem, a placa foi descerrada pela Dª Adília, a única fundadora ainda viva, seguindo-se uma visita ao edifício, para matar as saudades.
Foi importante realçar que o povo de Alpiarça teve orgulho no colégio que serviu a sua terra, o povo de Alpiarça reconhece o grande mérito que estas 3 senhoras demonstraram ter e o seu contributo para o desenvolvimento dos nossos jovens.
Aqueles jovens não esqueceram, nem nunca esquecerão, o tempo que passaram naquela escola. A educação que aqui receberam, e as amizades que aqui criaram.
Sentem-se reconhecidos e quiseram manifestar publicamente esse reconhecimento.
Finalmente seguiu-se o almoço, no restaurante “Portal da Vila”, com uma tarde de convívio que se prolongou até à noite, culminando com o tradicional bolo de parabéns e champanhe.
De realçar que estiverem presentes colegas de todas as partes do país, bem como um, que se deslocou propositadamente do Canadá, para poder estar presente neste encontro.
De referir, por ser justo fazê-lo, os nomes dos colegas integrantes da organização, a Dulce Gargalo, a Isabel Caniço, a Suzete Rodrigues, de entre as senhoras… o Armindo Pinhão, o Jorge Catela, o Guedes São Miguel, bem como o Joaquim Nascimento, o Mário Noronha e Fernando Louro, que transitaram da organização que fez o Encontro de 1987.
Foi também referido que existe a intenção desta comissão, vir a publicar um livro, com o patrocínio da AIDIA, presidida pelo colega João Serrano, sobre o Externato de S.Paulo, as suas histórias e memórias, inspirado nas fotos e nos textos que foram surgindo no blogue ao longo deste último ano.
Um contributo significativo contra o esquecimento.
O próximo encontro será daqui a 2 anos, para o lançamento do livro, se for possível cumprirem-se os prazos.
Fernando Louro

02 novembro, 2011

VIDEO (Joaquim Feliciano)

OUTRAS FOTOS (Carlos Pires)

CONTAS DO ENCONTRO (2011)

RECEITAS
·       Inscrições almoços): ……………. ……….……. 4.426,00 €

DESPESAS:
·       Restaurante …………………...………….….…… 4.104,00 €
·       OUTRAS (Impressão de materiais, flores,
combustível, comunicações, DVDs, tintas,
publicidade nos jornais, etc)…..........................   322,00 €

SALDO FINAL: …………………........…………. …..        0,00 €

OBSERVAÇÕES
1.       O pagamento de 322,00 €, foi parcial, já que existiram outras pequenas despesas não contabilizadas.
2.       O restaurante “Portal da Vila” suportou o custo de 6 refeições de convidados;
3.       A Câmara Municipal assumiu a despesa com a placa da homenagem colocada no edifício do Externato.

01 novembro, 2011

Evocação – Maria Helena de Sousa

Ricardo Hipólito
Maria Helena, a minha professora de desenho. E depois, também de geografia e, lá mais para o fim, de Matemática.
Durante muito tempo tinha um medo dela que me pelava. Não me recordo se cheguei a levar alguma bofetada dela (aquelas mãos papudas!!!). Mas reguadas bem me recordo. Da dor e da humilhação perante os colegas da turma. Foi numa sala contígua à pequena capela (quando tal ocorreu e se não me falha a memória, já a mesma tinha sido extinta e deitada abaixo a parede de separação com essa sala).
A dor. Só a tive nas duas ou três primeiras reguadas. Depois, bem depois, a(s) mão(s) já estavam anestesiadas. O pior era no fim. Picavam que se fartavam.
E porquê?
Para as férias escolares tínhamos que fazer não sei quantos exercícios de colecções de pontos (mais ou menos um por dia). E claro que tínhamos mais que fazer. A brincadeira não nos deixava muito tempo livre. Nos dois ou três últimos dias de férias toca a fazer o que deveria ter sido feito em quinze dias (ou, durante mais de dois meses – caso das férias grandes).
Claro que tudo (ou quase tudo) saía mal. Depressa e bem ..., já se sabe como é!. A começar logo pelas esquadrias.
Como castigo, a Dª Helena mandava-nos fazer não sei quantas folhas de tracejado a tinta da china. E a nossa reacção? Esquadrias largas, linhas espaçadas, tracejado tipo semi-recta, trajecado borrado, etc., etc.
E a reacção dela? Ralhos, chapadas e reguadas.
Isto marcou-me. Mas marcou-me muito mais a Cultura daquela Senhora. Foi ela que me permitiu “ver” a disciplina de geografia muito mais para além de uns quantos mapas, nomes de países, capitais, rios e montes.
Tinha uma visão do Ensino muito para diante do presente (daqueles anos da década de sessenta). Adoptou métodos e práticas que só muito, muitos anos depois veríamos tal ser implementado de forma generalizada no nosso país.
Os seus alunos de desenho davam cartas nos exames anuais no Liceu Nacional de Santarém LNS). Os alunos do Externato de São Paulo estavam quase sempre entre os que tinham melhores notas. Era a vingançazinha à “humilhação” que os colegas de outras escolas (e, particularmente, do LNS) nos faziam sofrer quando lá chegávamos com as nossas latas verdes, com o material de desenho – julgo que foi uma criação da Helena de Sousa. Tudo estava devidamente acondicionado, as folhas de desenho não se amarrotavam.
Éramos conhecidos pelos do “colégio da lata”.  Mas depois, as notas eram das melhores!

A seguir a Abril de 1974 contou-me alguns dos problemas que tinha tido com a PIDE. De professores que não tinha podido contratar por imposição dessa mesma PIDE. Uma delas tinha sido uma professora de Ciências da Natureza que eu tinha tido no primeiro ano do Ciclo. Não me recordo do seu nome. Só esteve um ano no Externato e no segundo foi posta a andar.
Eu e a Helena de Sousa seríamos colegas, anos mais tarde, na Escola Preparatória de Santarém. Foi uma das impulsionadoras da Casa do Professor, em Santarém.
Tive muito medo dela. Mas aprendi muito com a Maria Helena de Sousa. Estou-lhe muito grata pelos conhecimentos que me transmitiu. Pelos horizontes que me abriu.
Foi uma das Senhoras que, através do Externato de São Paulo, contribuiu para que o nome de Alpiarça fosse difundido (na região e além fronteiras ..., naquele tempo, metropolitanas). Por boas razões. O Externato foi uma referência pedagógica. E também cultural e desportiva.
Ricardo Hipólito

PS – Uma pequena correcção ao texto de Joaquim Moedas Duarte (post de 21.10.p.p.), uma coisa de somenos perante a beleza do texto de invocação à Dª Helena.
O ginásio não foi construído no local onde tinha sido aberto o buraco (posteriormente atulhado) para a piscina. O buraco só seria atulhado lá para o fim da década de sessenta.
O ginásio foi construído logo a seguir ao edifício com as salas de aulas. A seguir, existia o campo de jogos, particularmente para basquetebol e, então sim, o local onde estava destinado a construção da piscina. Ficou-se apenas pelo buraco. E nos invernos, princípio das primaveras, o sítio para exercitar a nossa mestria no lançamento de pedras a roçar a superfície aquática.
E para alguns empurrarem um ou outro lá para dentro.


28 outubro, 2011

27 outubro, 2011

O JOAQUIM FELICIANO NÃO QUIS DEIXAR DE DE FAZER COMPANHIA AO DUARTE....

Outros terão foto semelhante... enviem...

RECORDAÇÕES (Joaquim Moedas Duarte)

DENTADURA AO FUNDO *

Por meados dos anos 60 do século passado fixou-se em Alpiarça uma família de três professores açorianos, de apelido Serpa, todos irmãos: a D. Ângela, mais velha e o José, que eram professores do 1º Ciclo; e o mais novo, António, que começou a frequentar o Externato de S. Paulo para completar o 5º ano liceal.
Estou certo de que muita gente ainda se lembra destas pessoas. Nomeadamente o Joaquim Nascimento que veio a tornar-se apicultor por influência e orientação do pai destes irmãos Serpa, quando ele aqui esteve uns meses em casa dos filhos, antes de emigrar para a América. A senhora D. Adília, diretora do Colégio, também os apoiou muito, facto que eles reconheciam com gratidão.

Travei-me de grande amizade com os rapazes e tornámo-nos companheiros de passeios de bicicleta. Ilhéus como eram, sufocavam longe da água. As excursões ao Tejo eram, por isso, quase diárias no verão. Eles eram nadadores exímios, e muito galhofavam com o meu estilo quadrúpede de nadar, aprendido no tanque do meu amigo Leonel Piscalho. Eu esperneava e esbracejava, enquanto eles singravam de leve sobre a água, como os cisnes do antigo lago das Portas do Sol.
Passado um ano ou dois, o José entrou de noivado com uma senhora de Santarém. E na véspera do casório, onde se havia de fazer a despedida de solteiro? Nas praias do Patacão, está bem de ver. Como setas, a pedalar por aqueles carreiros fora, lá fomos direitos ao Tejo. A primeira coisa foi perguntar ao barqueiro quais os sítios perigosos. E como havia umas moedas pelos bolsos, resolvemos alugar um barco avieiro, garantia de tarde bem passada, a fintar os ramos dos salgueiros, a bordejar as ilhotas de areia à procura dos melhores sítios para mergulhar, a retesar os músculos com o impulso dos remos con­tra a corrente.

Estava uma tarde esplendorosa de sol. Remando, mergulhando, nadando, por ali andámos horas infindas. O José Serpa de vez em quando lembrava-se do dia seguinte e do casamento e fazia uma cara amarelenta de nervoso. A família da noiva era gente de brios sociais, onde ele se sentia contrafeito, desconfortado de tanta cerimónia. E via-se já, entalado no fato, a beijar a mão à sogra. Eu e o António acirrávamos a tremedeira dele, com dichotes e macaquices. Mas o José Serpa estava pior do que pensávamos: a certa altura, com os balanços do barquito e a digestão talvez parada do nervoso, amanda as mãos às goelas e dá um arranco que parecia querer largar a alma. Foi o almoço todo borda fora e com ele... a dentadura de cima, que lhe compunha dois buracos bem na frente da boca. Deu um berro de aflição e o António, apercebendo-se do sucedido, mergulhou de imediato. Andou que tempos lá por baixo, fez-se enguia rente às areias do fundo, mas qual quê?! Nem com uma rede de arrasto! Veio acima, de olhos esbugalhados, respirou numa sofre­guidão, e lá foi outra vez. E mais outra. E mais outra. Também tentei, armado em herói, sem ver um palmo à frente, naquelas águas baças e remexidas.
Já na margem, atirámo-nos para o chão, desalentados. À socapa, eu e o António fungámos de riso, mas disfarçámos bem, para não agravar o ânimo do Zé que nem que­ria acreditar naquela desgraça. Estava lívido, a tremer. O irmão ainda voltou ao rio e esquadrinhou por onde pôde até à exaustão. Chegámos a Alpiarça já noite fechada.
Sei que no outro dia, pela madrugada, os dois Serpas ainda voltaram a desafiar o rio. Mas, da dentadura, nem uma lasca.
Impossível adiar o casamento e o José Serpa, muito enfiado, suportou estoicamente o vexame. As fotografias que ele depois nos mostrou fixaram a memória daquela tarde fatídica no Tejo: lá se vê o José Serpa, de boca franzida, a disfarçar os buracões do meio da boca.
Rir do facto, ele só o conseguiu uns dias depois, substituída a placa postiça e ame­nizada a lembrança de uma desdentada lua-de-mel.
Os Serpas ainda por aqui ficaram mais uns anos mas no início dos anos 70 abalaram para a América, a juntarem-se ao pai. Nunca mais soube nada deles.
Resta a recordação de uma dentadura ao fundo…

(* Baseado num texto publicado por mim na VOZ DE ALPIARÇA, em 15 de outubro de 2002)

FOTOS DO EURICO

Peça de teatro "Uma viagem a Lisboa" representada no em 02-02-1964 por ocasião da festa dos finalistas de 1964 onde surgem os "brilhantes actores" Cândida Duarte e Eurico Monteiro;
Grandes forcados do Externato durante uma feira realizada em Alpiarça, penso que em 1964, onde podemos admirar os forcadões Eurico Monteiro na cara, Pimentel na cernelha e como rabejador não me lembo do nome, haja alguem que o conheça!

25 outubro, 2011