28 outubro, 2011

27 outubro, 2011

O JOAQUIM FELICIANO NÃO QUIS DEIXAR DE DE FAZER COMPANHIA AO DUARTE....

Outros terão foto semelhante... enviem...

RECORDAÇÕES (Joaquim Moedas Duarte)

DENTADURA AO FUNDO *

Por meados dos anos 60 do século passado fixou-se em Alpiarça uma família de três professores açorianos, de apelido Serpa, todos irmãos: a D. Ângela, mais velha e o José, que eram professores do 1º Ciclo; e o mais novo, António, que começou a frequentar o Externato de S. Paulo para completar o 5º ano liceal.
Estou certo de que muita gente ainda se lembra destas pessoas. Nomeadamente o Joaquim Nascimento que veio a tornar-se apicultor por influência e orientação do pai destes irmãos Serpa, quando ele aqui esteve uns meses em casa dos filhos, antes de emigrar para a América. A senhora D. Adília, diretora do Colégio, também os apoiou muito, facto que eles reconheciam com gratidão.

Travei-me de grande amizade com os rapazes e tornámo-nos companheiros de passeios de bicicleta. Ilhéus como eram, sufocavam longe da água. As excursões ao Tejo eram, por isso, quase diárias no verão. Eles eram nadadores exímios, e muito galhofavam com o meu estilo quadrúpede de nadar, aprendido no tanque do meu amigo Leonel Piscalho. Eu esperneava e esbracejava, enquanto eles singravam de leve sobre a água, como os cisnes do antigo lago das Portas do Sol.
Passado um ano ou dois, o José entrou de noivado com uma senhora de Santarém. E na véspera do casório, onde se havia de fazer a despedida de solteiro? Nas praias do Patacão, está bem de ver. Como setas, a pedalar por aqueles carreiros fora, lá fomos direitos ao Tejo. A primeira coisa foi perguntar ao barqueiro quais os sítios perigosos. E como havia umas moedas pelos bolsos, resolvemos alugar um barco avieiro, garantia de tarde bem passada, a fintar os ramos dos salgueiros, a bordejar as ilhotas de areia à procura dos melhores sítios para mergulhar, a retesar os músculos com o impulso dos remos con­tra a corrente.

Estava uma tarde esplendorosa de sol. Remando, mergulhando, nadando, por ali andámos horas infindas. O José Serpa de vez em quando lembrava-se do dia seguinte e do casamento e fazia uma cara amarelenta de nervoso. A família da noiva era gente de brios sociais, onde ele se sentia contrafeito, desconfortado de tanta cerimónia. E via-se já, entalado no fato, a beijar a mão à sogra. Eu e o António acirrávamos a tremedeira dele, com dichotes e macaquices. Mas o José Serpa estava pior do que pensávamos: a certa altura, com os balanços do barquito e a digestão talvez parada do nervoso, amanda as mãos às goelas e dá um arranco que parecia querer largar a alma. Foi o almoço todo borda fora e com ele... a dentadura de cima, que lhe compunha dois buracos bem na frente da boca. Deu um berro de aflição e o António, apercebendo-se do sucedido, mergulhou de imediato. Andou que tempos lá por baixo, fez-se enguia rente às areias do fundo, mas qual quê?! Nem com uma rede de arrasto! Veio acima, de olhos esbugalhados, respirou numa sofre­guidão, e lá foi outra vez. E mais outra. E mais outra. Também tentei, armado em herói, sem ver um palmo à frente, naquelas águas baças e remexidas.
Já na margem, atirámo-nos para o chão, desalentados. À socapa, eu e o António fungámos de riso, mas disfarçámos bem, para não agravar o ânimo do Zé que nem que­ria acreditar naquela desgraça. Estava lívido, a tremer. O irmão ainda voltou ao rio e esquadrinhou por onde pôde até à exaustão. Chegámos a Alpiarça já noite fechada.
Sei que no outro dia, pela madrugada, os dois Serpas ainda voltaram a desafiar o rio. Mas, da dentadura, nem uma lasca.
Impossível adiar o casamento e o José Serpa, muito enfiado, suportou estoicamente o vexame. As fotografias que ele depois nos mostrou fixaram a memória daquela tarde fatídica no Tejo: lá se vê o José Serpa, de boca franzida, a disfarçar os buracões do meio da boca.
Rir do facto, ele só o conseguiu uns dias depois, substituída a placa postiça e ame­nizada a lembrança de uma desdentada lua-de-mel.
Os Serpas ainda por aqui ficaram mais uns anos mas no início dos anos 70 abalaram para a América, a juntarem-se ao pai. Nunca mais soube nada deles.
Resta a recordação de uma dentadura ao fundo…

(* Baseado num texto publicado por mim na VOZ DE ALPIARÇA, em 15 de outubro de 2002)

FOTOS DO EURICO

Peça de teatro "Uma viagem a Lisboa" representada no em 02-02-1964 por ocasião da festa dos finalistas de 1964 onde surgem os "brilhantes actores" Cândida Duarte e Eurico Monteiro;
Grandes forcados do Externato durante uma feira realizada em Alpiarça, penso que em 1964, onde podemos admirar os forcadões Eurico Monteiro na cara, Pimentel na cernelha e como rabejador não me lembo do nome, haja alguem que o conheça!

25 outubro, 2011

Faltam assim apenas 4 dias para o nosso Encontro.
Fizemos um bom esforço para contactar todos os colegas e sensibilizar todos os que contactámos.
Obvio que nem uma coisa nem outra foi possível.
Mas ainda assim estamos muito satisfeitos com o resultado.
- 148 inscritos para o Encontro
- 7500 visualizações do blogue
-  Muitas fotos, artigos e comentários.
Quisemos tornar este Encontro um momento especial, não só porque o ultimo foi há 24 anos, mas sobretudo porque juntámos a este Encontro, uma homenagem ao  Externato S. Paulo e às suas fundadoras, o que nunca antes tinha sido feito.
Homenagem merecida, querida por todos, daí o nosso lamento de muitos não poderem ou não quererem estar presentes.
Pode ser que no próximo Encontro, venham  estes mesmos 148, e se possam juntar outros que agora não compareceram.
OXALÁ
Fernando Louro

NOTA: Vamos dar o número definitivo de inscritos ao restaurante, amanhã, 4ª feira, ao fim do dia... até lá ainda podemos aceitar inscrições tardias.

ÚLTIMO ENCONTRO NO COLÉGIO

VAMOS VER ESTA GENTE COM MAIS 24 ANOS.
MAS HÁ QUEM A GENTE JÁ NÃO VEJA MAIS ....

GOTA DE MEL E CANDELABRO (Sousa)

24 outubro, 2011

CONTRIBUTO DO MOURA CAMPINO

no carro do Mario Avelino, entre eles:
- Buchadas, Mario Avelino, Hernani, Montargil, Fernandes e eu, Moura Campino.
no carro da Drª.Graciete.

22 outubro, 2011

RECORDAÇÕES E CURIOSIDADES (Mário Cravo Avelino)

Ao saber da festa, que se vai realizar, no dia 29 de Outubro, através da minha filha, Margarida ( mais conhecida por Pro.ª Bébé ), resolvi inscrever-me para o convívio, e se Deus quiser lá estarei presente. Tive pena de não ter sabido do outro ou outros convívios que tenham havido.
Mas conforme o título, que escrevi no início – Recordações e Curiosidades – vou relembrar algumas coisas desses tempos.
Sabem por curiosidade, como apareceu em Alpiarça a Dr.ª Maria Helena e a Dr.ª Adília?
Pois vou-vos contar. Estudava eu em Lisboa no Colégio Moderno, pertencente ao Dr. João Sores, pai do Dr. Mário Soares, com o meu primo Armindo Pinhão. Mas a vida era difícil , como hoje, e tive de voltar para Alpiarça, para junto de meu pai , Gregório Avelino, mas com a intenção de continuar a estudar. Em Alpiarça, claro nada havia para estudar e, falaram ao meu pai, em duas Senhoras que davam explicações em Santarém. Eram elas a Dr.ª Maria Helena e a Dr.ª Adília. Lá fui. As explicações eram em casa da Dr.ª Maria Helena. Estava eu no 5º ano.
Cheguei ao fim do ano lectivo e, lá fui ao Liceu Sá da Bandeira fazer exame. Passei, não devido só ao meu esforço, mas principalmente aquelas duas Senhoras.
No meu “Muito obrigado”, falei com as ditas Senhoras, dizendo que havia muita gente em Alpiarça interessada, em ter aulas , dadas por elas.
Conversa, com o meu Pai presente, para a direita e esquerda, veio a frase – “ Porque não irem as Senhoras para Alpiarça, e abrir lá um Externato”.
Ficaram a pensar e, dias depois, telefonaram-me dizendo que tinham amadurecido a ideia e iriam para Alpiarça. Pediram se eu e o meu Pai, dávamos uma ajuda, na procura de uma casa. E assim aconteceu:
EXTERNATO ALPIARCENSE
Na Rua da Misericórdia, mesmo em frente ao jardim, nasceu o “Externato Alpiarcense” no número de porta 33.
O nosso pátio de recreios, com um poço de água ao meio e tudo, é hoje o pátio de arrecadações do Restaurante “ O Nortenho” . Por aí passaram gerações , conforme fotos, alguns infelizmente já falecidos.
Já comigo em Coimbra, dando uns pontapés na bola, na Associação Académica de Coimbra, as instalações mudaram para a Rua do Cemitério, junto onde hoje são as Finanças.
Depois destas ainda aparece outra instalação junto ao Armazém de vinhos, do Sn. Madeira, para mais tarde, sempre como primeira iniciativa da Dr.ª Maria Helena, (espírito avançado para a altura), da construção do “EXTERNATO DE S.PAULO”, claro com a Dr.ª Adília na Avenida Carlos Relvas, aí já com a Dr.º Berta , Dr. Martins , etc.
MAIS CURIOSIDADES
Não é para me enaltecer, mas como diz o Fernando Louro, já naquela altura com um ginásio. Pois como sabem tirei o curso de Educação Física, e como continuava a dar-me muito com a Dr.ª Adília e Dr.ª Maria Helena, comecei a incentivá-las a fazerem um ginásio. Elas foram na “conversa” e lá fizeram.
OUTRA QUE POUCA GENTE SABE OU FALA
            Sabiam que funcionou também, no rés- do- chão, numa pequena, sala, logo á entrada do corredor, do lado direito, a primeira Pré- primária do Concelho e quase de País. Falo nisto porque as minhas duas filhas frequentaram essa dita Pré- primária. A Professora (não me recordo o nome), sei que agora mora em Setúbal, era do Cartaxo, irmã do Alfredo, sócio do stand de automóveis com o João Pinto, que ainda existe ao lado da casa do Diamantino Raposo.

Das fotos que mando, peço desculpa de já não me lembrar do nome de algumas pessoas, mas os anos não perdoam. Quem souber dos nomes que vá dizendo.

O meu obrigado, e peço desculpa de alguma falha.
Um abraço grande para todos.
Mário

Valdemar Bento, Mario Avelino e Chico Noronha.
da Chamusca ???                                              Rui Avelino
Ermelinda Pombas (Faz.Almeirim                     Mário e Valdemar               


21 outubro, 2011

DONA MARIA HELENA: RECORDAÇÃO E HOMENAGEM

Dona Maria Helena de Sousa tinha um excelente coração mas era de personalidade irascível. Todos nos recordamos das entregas dos trabalhos de desenho em que ela, se não tinha por onde pegar na execução, punha a folha em contra luz e descobria o buraco deixado pela ponta do compasso. E estava tudo estragado. Lá voltávamos nós para o lugar, a mal dizer a sorte e o “raio da mulher que nunca tá contente com o que a gente faz!”
Um dia caprichei e lá fiz um belo desenho que representava um vitral. Ela olhou, remirou, virou o papel para a janela, pôs os óculos para ver bem ao perto e resmoneou. “Não está mal…não está mal… Vai-te lá sentar.” E lá vim eu para o lugar, todo ufano e temendo ainda um chamamento de última hora, alguma coisa de que ela se lembrasse…
Fiquei tão orgulhoso da obra que ainda a guardo nos meus papéis. Dei com ela há dias. Vejam esta boniteza:
Uns dias depois a D. Maria Helena mandou-nos fazer um babete. Tratava-se de treinar o traço a tinta da china e encontrar uma solução decorativa a condizer com o facto de se tratar de uma coisa para bebé.
Todos nós tínhamos na caixa  (em folha de alumínio, pintada a verde por fora, onde guardávamos os apetrechos de Desenho, todos se lembram bem… ),  uma montanha de desenhos em papel vegetal, para aplicar quando fosse preciso. Lá fui à procura de uma coisa bonita para um babete e encontrei: um pintainho muito fofinho, de biquinho aberto, uma ternurinha! Decalquei-o, juntei-lhe duas florinhas azuis, pintei tudo e fui mostrar a obra. A D. Maria Helena despachou-me logo: “Então tu não vês que isto está muito nu? E faltam os nastros do babete…”
A coisa estava mais ou menos assim (na altura ainda não tinha os nastros): 
Volto para o lugar, a matutar naquilo. “Muito nu? O que é que ela quer mais…”##!»»??##!!
Vou à caixa, mexo e remexo, ainda pensei pôr mais dois pintainhos – uma ninhada! – até que encontrei! É isto mesmo!
E de língua ao canto da boca lá pespeguei e pintei os complementos que iriam deslumbrar a Dona Helena.  Chego ao pé dela e meto-lhe folha à frente. 
Eh! D. Maria Helena do caraças! Parecia que tinha caído um raio na secretária! Dá um pulo, pega na folha e amanda um berro que ainda hoje me zune aos ouvidos: “Que é isto? Que é que tu aqui fizeste, Duaaaaaarteeee????”
E abanava a folha, a cabeça, as mãos, a coruscar-me com os olhos. E eu sem perceber o porquê de tanto alarido.
“Ó rapaz, então tu não vês que isto fica aqui mal?  Não vês? NÃO VÊÊÊÊS? Não és cego, pois nãããão???? … tu desaparece-me com isso daqui pr’a fora!!!!!”
E eu desapareci. Sentindo-me desgraçado mas… convencido de que estava a ser vítima de uma grande injustiça. Só passados anos percebi a cólera da querida professora D. Maria Helena.
Vejam lá vocês se ela não tinha razão para me dar um par de chapadas:
No original que também guardei, a coisa ainda é mais chocante, por causa dos nastros berrantes – que mais parecem mangueiras de regar os morangos.
Isto foi há 50 anos. Aqui fica a minha homenagem a uma das fundadoras do nosso Colégio, a Dona Maria Helena de Sousa, com quem privei mais tarde, já em adulto. A primeira vez que fui às Berlengas foi ela que pagou a viagem e a mais alguns guineenses que estavam a passar férias em Peniche com a senhora Dona Adília, que lá alugou uma casa.
De outra vez pagou-me um lanche de gelados em Lisboa, numa casa que havia na Av. João XXI, a melhor da época, e onde ela se banqueteou com duas taças enormes, numa satisfação de gordinha e anafada, apreciadora da boa mesa. Facto que comprovei mais tarde, num almoço confecionado por ela na sua casa de Santarém, um verdadeiro banquete de iguarias e guloseimas que eu, guloso como ela, jamais esqueci .
Dona Maria Helena era uma força da natureza. Sendo uma artista – pintava muito bem! – não se importava nada de subir a um andaime e dar orientações aos pedreiros. A ela se deve a obra do colégio, que orientou como se fosse mestre-de-obras. Idealizou uma piscina e mandou abrir o buraco, embora depois não fosse possível a construção. Mais tarde atulhou-se o buraco e no seu lugar foi erguido o ginásio, que ainda perdura, uma novidade absoluta naqueles tempos. Lembro-me bem de a ver no meio da obra, a dar ordens… estava eu talvez no meu 3º ano – em 1961.
Mais tarde, quando o Colégio entrou na fase das dificuldades insuperáveis, foi ela que pegou no leme e conduziu o barco até à venda do edifício, adquirido pela Câmara ou pelo Estado – não sei bem, nessa altura já eu andava longe, apenas ouvia dizer. E o Colégio ainda resistiu mais um ano ou dois, numa casa alugada na Rua Silvestre Bernardo Lima…
Dona Helena foi depois trabalhar como professora em Santarém e lá criou a Casa do Professor, a sua grande e última iniciativa, para a qual me quis associar, o que não aceitei pois morava em Torres Vedras
Há muito que Dona Helena nos deixou. Com todo o carinho, com muito respeito e saudade, dedico este escrito à sua memória.
Joaquim Moedas Duarte